Fim de linha para o esportivo elétrico Tesla Roadster

Escrito por Heymar Lopes Nunes

Estamos em 2029? Por que estou lendo o obituário de um carro que todos pensávamos que seria o futuro? O Tesla Roadster deixará de ser produzido no fim do ano e enquanto você lê esta matéria, restarão apenas alguns exemplares disponíveis, portanto, se você quiser um, é melhor se apressar.

Mas por que ele está sendo descontinuado se o primeiro exemplar entregue nos EUA foi em fevereiro de 2008, esteve disponível na Europa por apenas dois anos e sua autonomia próxima dos 400 km e desempenho excediam qualquer expectativa de um elétrico?

Porque ele cumpriu sua missão. Serviu apenas para provar que o Tesla movido à eletricidade funcionava. Um sistema elétrico de propulsão funciona bem melhor num carro projetado especificamente para ele. Mas construir um carro totalmente novo custaria um dinheiro que a Tesla não tinha. Ela teria que colocar esses carros na rua, mostrar que são duráveis e viáveis para conquistar a confiança dos consumidores e investidores, viabilizando assim uma produção de algo em torno de 20 mil unidades/ano, como está planejado para o Model S, por exemplo, o lindo sedã que será vendido ano que vem. A Tesla escolheu o Elise como doador da carroceria, pois ela é leve e barata, além de bonita.

E funcionou. Os 2.000 Tesla Roadsters planejados serão todos vendidos. Na esteira do desempenho do Roadster e nos planos para o Model S, a Tesla recebeu cerca de meio bilhão de dólares em financiamento do governo norte-americano e colocará o Model S em produção numa antiga fábrica da Toyota em San Francisco. Sua primeira oferta pública de ações no ano passado foi um marco desde a crise da indústria e a maior de um fabricante de automóveis, desde a Ford em 1956. A Tesla é cotada pelo mercado atualmente em US$ 3 bilhões. Escrevemos em 2008, quando avaliamos o Tesla pela primeira vez, que talvez aquele fosse o carro mais importante que dirigiríamos naquele ano, na época poderia parecer um exagero. Poucos carros causaram impacto como ele.

Mas não nos esqueçamos de que o Tesla Roadster é um carro, não um instrumento de financiamento. Ele era caro, mas para seus criadores no Vale do Silício, nada fora do normal, assim como protótipos de qualquer nova tecnologia. Duas mil pessoas não viram empecilho no seu preço e tiveram como recompensa seu excelente desempenho,  exclu-sividade e o  prazer de dirigir com zero emissões.

Sabemos que ele cumpriu seu papel, mas seu desaparecimento não deixa de preocupar. Talvez odiaremos olhar para trás um dia e lembrarmo-nos do cancelamento do projeto Apolo, do fim do desenvolvimento do Concorde e do fim do Tesla, imaginando o que eles acrescentaram à humanidade e o porquê de darmos um passo para trás. Esperamos que o momento das novas tecnologias sirva de impulso e que quando a Tesla decidir relançar o Roadster, ele venha tão interessante e até mais veloz que este.



Trajetória

Lançamento: Fev 2008

Jul 2006: O primeiro é revelado, mas as primeiras entregas aconteceriam 18 meses depois por causa de desavenças entre sócios e para achar um câmbio que lidasse com tanto torque

Fev 2008: PayPal e SpaceX do bilionário Elon Musk assumem o controle da Tesla, que entrega seu primeiro Roadster

Jul 2009: O Roadster Sport chega com mais 40 cv; 0 a 100 km/h cai para 3,7 s

Jul 2010: O Roadster 2.5 é lançado, trazendo mais qualidade e melhorias, como uma nova versão de um software. Como na informática, mais dinheiro em caixa.



Fonte: carmagazine

Disponível no(a):http://carmagazine.uol.com.br