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Friday, September 16, 2011

PSA Peugeot Citroën terá nova fábrica no Rio de Janeiro

Paulo Ricardo Braga, AB
www.automotivebusiness.com.br
Do Rio de Janeiro


Carlos Gomes, Presidente do Grupo PSA para América Latina
Carlos Gomes, presidente da PSA Peugeot Citroën para a América Latina, sugere mas não confirma: a empresa terá uma nova fábrica e será no Estado do Rio de Janeiro. A empresa precisa encorpar a operação latino-americana, onde ainda tem reserva de capacidade de um turno na Argentina, e não pretende ir para Goiás, São Paulo ou Pernambuco, nem mesmo correr atrás de incentivos fiscais em outras regiões. “Fincamos raízes no Rio”, garante o executivo.

A frase vale tanto para a empresa, que comemora os dez anos da fábrica de Porto Real, como para ele mesmo, que completa um ano à frente dos negócios na América Latina. Ao lado da esposa e de um filho de 16 anos (a filha estuda em universidade de Nova York), portugueses como ele, Gomes disse que se sente em casa na cidade do Rio, onde a PSA mantém seu escritório central em Botafogo. Uma vez por mês, pelo menos, ele vai à fábrica distante cerca de duas horas de carro. Gomes admite que há um tsunami de investimentos prometidos para o setor automotivo, mas coloca em dúvida o avanço efetivo de todas as iniciativas. No caso da Peugeot e Citroën, fala com segurança sobre os planos, que incluem, além da nova fábrica, a reformulação da família de motores em cinco anos, contratações e o lançamento de veículos.

A PSA tem investimentos programados de US$ 1,4 bilhão no País até 2012, e calcula que a capacidade atual de 220 mil veículos em Porto Real pode atender o mercado só até o fim de 2013. Em 2011, o grupo programa emplacar 330 mil unidades na América Latina, essencialmente no Brasil e Argentina, o que garantirá uma participação de 5,9%. O Brasil absorverá cerca de 190 mil veículos, contra 172 mil em 2010, e as duas marcas ficarão com 5,5% de market share no mercado brasileiro. De janeiro a agosto foram comercializados na América Latina 214,2 mil carros Peugeot e Citroën, um crescimento de 20% em comparação ao mesmo período de 2010.

O Grupo PSA está presente industrialmente no país desde 2001, quando foi inaugurado o Centro de Produção de Porto Real, onde atualmente são montados os Peugeot 207, 207 SW, 207 Passion e Hoggar e os Citroën C3, Aircross, C3 Picasso e Xsara Picasso, e também os motores de 1,4 litro e 1,6 litro flexfuel e a gasolina (para exportação).

Negociações, contratações e lançamentos em pauta

Preparando terreno para anunciar os novos investimentos na região, a PSA iniciará a contratação de mais 800 profissionais no Centro de Produção de Porto Real, que passará a ter 5 mil colaboradores. A intenção é recrutar trabalhadores para o primeiro emprego e completar a formação em programas na fábrica. “A criação de postos de trabalho poderá ser muito maior, dependendo das negociações com o governo do Rio de Janeiro para ampliação das atividades no Estado, visando ao mercado local e exportações”, afirmou Gomes.

A remuneração do trabalho representa cerca de 6% dos custos de produção da PSA em Porto Real. Incomoda mais, na hora de avaliar a competitividade da marca, o valor das matérias-primas (30%), especialmente do aço, que começa a ser importado da Ásia em pequena escala.

A nova safra de produtos começará a chegar no fim do ano, com a estreia do cupê RCZ, um desafiante do Audi TT que virá importado da França. No início de 2012 será lançado o hatch 308, que aposentará o 307 feito na Argentina. O carro, de porte médio, vai disputar clientes com o Hyundai i30, Volkswagen Golf e outros concorrentes de peso.

Resultados que valem champanhe francesa

Em almoço com um grupo de jornalistas no renomado restaurante Le Pré Catelan, comandado pelo chefe Roland Villard, no Hotel Sofitel, em Copacabana, Rio de Janeiro, Gomes brindou os bons resultados da PSA na região com champanhe francesa. “A ocasião merece”, justificou.

Ele diz ter bons motivos para comemorar, aqui e na Argentina, onde a Peugeot é marca de prestígio, com tradição de 50 anos. Junto com a Citroën, a PSA tem participação de 13,2% das vendas totais no país vizinho e cresceu 38% nos emplacamentos este ano.

No Brasil, onde a PSA cresce mais do que a média do mercado, a Peugeot pretende retomar as ações para avançar. O novo 308 deve trazer alento à marca, mas ainda será pouco para alcançar equilíbrio com o desempenho da Citroën. A versão automática do 408 atrasou, enquanto o modelo com transmissão mecânica foi bem nos testes do Cesvi sobre reparabilidade, junto com os Citroën C3 e C3 Picasso.

Gomes entende que a PSA avançou com razoável sucesso no segmento dos carros B premium. O compacto 207 será renovado, mas ele assegurou a Automotive Business que não há planos para avançar no campo dos modelos populares, embora admita que é importante ganhar volume nas operações de manufatura e distribuição. O 107, já renovado, não virá. “Nossos veículos estão em patamar de preço acima de R$ 35 mil”, observa, enfatizando que a PSA tem 17% de participação no segmento B.

“Os resultados confortam, mas ainda não satisfazem”, define o presidente, assegurando que “há muita coisa a caminho”. Essas “coisas” passam por negociações com a matriz e o governo do Rio de Janeiro. Uma delas é o desenvolvimento do parque de fornecedores, ainda tímido. Seguindo o exemplo da Fiat, onde trabalhou ao lado de Sergio Marchionne para estimular as vendas da marca italiana na França e Itália, Gomes vai na direção de uma “fluminensização” da cadeia de suprimentos, que pretende atrair para o círculo ao redor da fábrica atual. No fim de 2010, a empresa adquiriu 65 mil m2, de olho nessa expansão.

Sem dependência do regime automotivo

O anúncio da regulamentação do regime automotivo, previsto para sexta-feira, 15, parece não preocupar a PSA no Brasil. “Dependemos pouco das medidas que estão sendo tratadas. Nós investimos em pesquisa e desenvolvimento muito mais do que se discute aqui”, diz Gomes.

Sobre a desaceleração do mercado automotivo, com desaquecimento a partir de setembro, ele comenta: “É razoável evoluir em um ritmo menor durante algum tempo. Mas estamos seguros de que a indicação, no longo prazo, é de crescimento”.

Além de avançar na área de pessoal, tecnologia, produtos e manufatura, as marcas Peugeot e Citroën estão preocupadas em ampliar os esforços em distribuição na região, onde já possuem cinco centenas de pontos. No Brasil e Argentina haverá mais 95 concessionárias e 115 oficinas até o fim de 2012. A iniciativa recebe aporte de € 50 milhões.

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