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Wednesday, November 2, 2011

Richard Hammond e o “falcão peregrino”



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Desisti de andar em motos esportivas por uma razão bem legítima: elas são rápidas demais. Após 25 anos me dando bem em foguetes de duas rodas mais adequadas para as pistas do que para a vida nas ruas, achei que era hora de amadurecer. Decidi que abandonaria a busca incessante e impetuosa por velocidade em favor de algo mais tranquilo. Vendi minha moto esportiva e comprei uma Harley. Ela é grande, é preta, é feita usando como base a moto usada pelo líder dos Hell’s Angels e é ruim. Não, é mais do que ruim; ela é terrível.


Não me levem a mal, eu adoro seu visual, a diabólica silhueta preta, seu volume e os canos cromados em formato de barbatana com seus característico som Harley sem silenciador, borbulhando no trânsito. Mas ela não é tão boa assim em movimento. Na verdade, ela é inútil. E então, a título de curiosidade, experimentei uma moto esportiva de novo. Poderia ter andado em algo de tamanho médio, algo um pouco animado, mas não muito. Ou poderia organizar um test drive da nova Suzuki Hayabusa.
Como um garoto que nasceu numa canção de Blues de uma mãe bêbada numa noite de tempestade, parecia apropriado que a entrada da Hayabusa na minha vida fosse feita com dor e um toque de caos. A grande ‘Busa é infernal, traz uma vangloriante reputação pela performance em linha reta e o status de ser a primeira moto de série capaz, com apenas alguns ajustes, de chegar a 320 km/h – embora versões mais recentes tiveram essa habilidade sufocada pela inevitável legislação Euro. Mesmo assim, ainda é uma coisa muito poderosa. Uma moto com 198 cavalos exige sua atenção. E o fato de esta potência e status estar embrulhada em uma forma feia demais até para o amor de uma mãe bêbada apenas acrescenta ao encanto deste bad-boy.
E então, de volta à canção e a ‘Busa realmente nasceu num dia feio. Certo, o Diabo não andou naquele dia exatamente; um raio não atingiu o carvalho velho junto do riacho e não apareceu na colina – mas estávamos no meio de uma bem caótica obra quando ela chegou. Além do mais, enquanto o funcionário da Suzuki tirava a moto da sua van, sob os olhares admirados dos pedreiros que tentavam consertar minha casa quebrada, eu estava em outro lugar, caindo de um cavalo.
Eu chequei os horários e tenho plena certeza que o momento quando a roda dianteira da Suzuki tocou o asfalto do lado de fora da minha casa pela primeira vez foi o mesmo exato momento quando meu traseiro atingiu um campo implacável. A resultante lesão na minha pélvis me deixou de muletas por um mês, e longe das motos por um tempo mais longo. Depois de sair do hospital, cheguei em casa, manquei até a moto, observei as laterais brilhantes, os grandes escapamentos que mais parecem armas de couraçados e a frente feia e bicuda, e pedi para que a levassem embora até que eu estivesse bem o bastante para andar nela. E finalmente, nesta semana, eu estava.
É aqui onde as coisas ficam meio complicadas. Se você anda de moto, saberá o significado das letras G, S, X e R. Se não, elas não terão significado. Se eu sussurrar as letras GSX-R para um motociclista, não preciso falar sobre o status de figura cult da moto no passado, sua reputação por lançar hooligans destemidos pelos portões de São Pedro, o alvoroço de fãs fiéis e muito tatuados quando houve a mudança da refrigeração a óleo para a água no início dos anos 1990, as milhões de aplicações em motos custom e carros devido aos seus motores lendários… Mas acabei dizendo tudo isso, então você está bem informado, mesmo não sendo um motociclista.
A Hayabusa é a maior versão de todas da GSX-R em termos de capacidade volumétrica, mas não é a mais rápida numa pista. Esta honra cabe à moto mais preparada para corridas, a GSX-R1000 – uma moto que, apesar de ser menor em termos de capacidade volumétrica, ela está em vantagem em relação à ‘Busa em termos de dirigibilidade, frenagem e nas curvas. Enquanto a ‘Busa é a maioral quando se fala apenas em potência. E eis a chave para sua própria existência. Ela é estupidamente potente, tem uma aparência extraordinária e pode arrancar sua cabeça se você pedir, mas ela está tão longe de ser uma máquina esportiva leve e focada em corridas, assim como está longe de ser um edredom.
Acima de tudo, além dos números estratosféricos, do mapeamento variável do motor e da aerodinâmica inovadora, ela tem uma coisa que a diferencia do resto e que lhe dá um apelo ainda maior; ela tem um senso de humor. Andar pela cidade numa moto de 198 cavalos feia o bastante para fazer cães vomitarem dá uma sensação boa. Mas acelerar pelo país nas estradas principais, massageando o acelerador para liberar nacos dessa potência ilimitada, fazendo com que a moto erga a frente e faça curvas, deu uma sensação muito, muito boa mesmo. Acho que estava enganado sobre essa história de motos rápidas. Se eu repreendi e arenguei alguém sobre este assunto nesse último ano, peço desculpas. Elas são demais.


Fonte: topgearbr

Disponível no(a):http://topgearbr.wordpress.com/

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